sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Pombo com ternura e fome
Apetecia neste dia,
um passeio até ao Tejo
e pelo Terreiro do Paço
andei a pé.
Parei no terminal,
olhando aquela sala gigante.
Parando junto de mim
um pombo habitante
daquela sala,
que debicava, debicava
e nada encontrava!
Chamei por gestos;
junto de mim parou.
Por largo tempo
não me deixou!
E olhando
aquele pombo habitante
de penas azuladas
e iris avermelhadas,
cheio de fome e ternura,
deixando as minhas mãos
dar-lhe mimos,
sem voar revoltado;
apenas um pombo esfomeado.
Fiquei agradecido
por este novo amigo.
Lembrei-me das crianças
que nas mesmas condições,
ainda têm forças
para nos lançar olhares de ternura
aguardando que nossos corações,
se lembrem que elas existem.
No meu regresso
e tendo como despedida
olhares de ternura,
ainda me disse:
“Quando voltares
a esta sala gigante,
cá estarei e ficarei junto a ti,
para descansares
e veres que ainda existo;
como pombo e amigo”.
José Manuel Brazão
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