Quero adormecer,
mas sinto a noite,
ser mais noite,
perdendo o pulso da Vida,
num coração sofrendo
em que tudo cega em mim,
nem sinto o corpo
com alma pálida,
vejo ausência
de tudo o que queria,
de tudo o que amo
e não respondem
a esta ansiedade
que invade meu corpo
doente, um paciente
que nega a realidade,
quando procura a felicidade!
Doi essa resignação
da conquista perdida
depois dum caminho de lutas,
do bem-querer,
do meu sol ausente,
que esfria meu corpo,
me deixa mãos trémulas
e com a palidez da alma,
nem sei mais o que escrever...
eu, que tanto poema de amor
fiz ler e hoje até a inspiração
se ausentou e nem me disse adeus!
José Manuel Brazão
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